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Café, açúcar e cacau recuam na eminência do tarifaço

A combinação de incertezas geopolíticas, temores fiscais e a expectativa de novas tarifas comerciais está afetando diretamente o mercado de soft commodities em 2025.


De acordo com análise da Hedgepoint Global Markets, produtos como açúcar, café e cacau enfrentam viés de baixa para o segundo semestre.

O pano de fundo para essa movimentação nos mercados é a crescente aversão ao risco.


O ano de 2025 começou com novas tarifas e tensões comerciais entre Estados Unidos e China, reacendendo o temor de um tarifaço global.

Os conflitos prolongados entre Rússia e Ucrânia, e entre Israel e Hamas — este último com envolvimento recente de Estados Unidos e Irã —, ampliaram a instabilidade.


Muito açúcar


No caso do açúcar, a robusta safra 2024/25 no Brasil e as boas perspectivas para a temporada 2025/26 reforçam uma tendência de queda nos preços.

A melhora nas condições climáticas no Hemisfério Norte também contribui para um panorama mais tranquilo no lado da oferta, pressionando ainda mais as cotações da commodity.


“A safra brasileira veio forte e há uma percepção de que o Hemisfério Norte também tende a apresentar bons volumes, o que alivia preocupações com oferta”, destaca a Hedgepoint.




A consultoria aponta ainda que o superávit global estimado em 2,8 milhões de toneladas nos fluxos comerciais de açúcar atua como um amortecedor diante de eventuais choques de oferta e demanda.


Mesmo com possíveis interrupções na moagem da safra brasileira e oscilações climáticas, o cenário tende a permanecer favorável ao abastecimento.


“O mercado está mais equilibrado, com demanda cautelosa, mas presente. Os fundamentos continuam com viés de baixa”, diz o relatório.


Montanha-russa


Já o mercado de café, que experimentou uma montanha-russa de preços no primeiro semestre — incluindo recordes em fevereiro por conta de compras por pânico —, começa a dar sinais de arrefecimento.


O avanço da colheita brasileira e as boas perspectivas para outras origens estão puxando os preços para baixo, segundo Laleska Moda, analista de inteligência de mercado da Hedgepoint.


“Os preços foram altamente voláteis no início do ano, mas a chegada da safra brasileira e a melhora em outras origens trouxe maior tranquilidade ao mercado.”

Fatores como o aumento da oferta de café robusta para 2025/26 e o desenvolvimento otimista da safra no Vietnã devem manter a pressão sobre o mercado.


Além disso, há a expectativa de uma redução nas importações da União Europeia, o que tende a enfraquecer ainda mais a demanda global no curto prazo.


“A tendência para o segundo semestre é de acomodação dos preços, com viés de baixa, caso não ocorram eventos climáticos extremos no Brasil”, completa Laleska.


Cacau caro


No segmento de cacau, após um primeiro semestre marcado por volatilidade e incertezas quanto à safra da África Ocidental, as previsões também indicam viés de baixa.


De acordo com a analista Carolina França, da Hedgepoint, a demanda global deve seguir fraca, ao passo que alguns países africanos já sinalizam recuperação parcial da oferta.


“O mercado começa a reavaliar os riscos, com a possibilidade de recuperação em Gana e aumento da produção em outras origens.”


Ainda assim, há variáveis que podem trazer risco de alta.


A Costa do Marfim, principal produtor mundial, cogita limitar exportações na próxima temporada, e a safra 2024/25 na região pode ser novamente fraca.


“Existe a chance de mais um ciclo de baixa produção na África Ocidental, o que ainda deixa o mercado em alerta”, ressalta Carolina.


Por outro lado, Gana deve ampliar a produção, assim como outras origens secundárias, o que pode equilibrar o quadro.



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